O estado do Tocantins, por meio da Procuradoria-Geral do Estado (PGE), protocolou ação civil pública, nesta sexta-feira, 4, contra a concessionária de saneamento básico BRK Ambiental, responsável pelo fornecimento de água e saneamento em diversos municípios do estado. A ação foi motivada pela recorrente má qualidade da água distribuída aos moradores de Palmas, que piorou significativamente nos últimos dias.
Além de exigir a regularização do serviço, o estado solicita que a empresa conceda um desconto de 25% nas contas de todos os usuários prejudicados. Segundo a PGE, a cobrança integral por um serviço defeituoso viola os direitos dos consumidores e vai de encontro ao Código de Defesa do Consumidor (CDC). O desconto solicitado é baseado no artigo 18, §1º, III, do CDC, que prevê o abatimento proporcional no valor cobrado quando há falhas no serviço prestado.
O chefe do Executivo, enfatizou que assim que teve conhecimento do caso, organizou um grupo de trabalho para cobrar providências imediatas da empresa BRK Ambiental, pois é inadmissível que a população pague por um serviço que não está atendendo aos padrões de qualidade e que gere problemas de saúde.
“Assim que tive conhecimento do caso solicitei que fosse criado um grupo de trabalho, formado por diversas secretarias do Governo do Tocantins, para cobrar providências imediatas da BRK Ambiental em relação à qualidade da água fornecida para a população de Palmas. O nosso compromisso é com a saúde e o bem-estar da população. Não podemos admitir que os tocantinenses continuem pagando por um serviço que não atende aos padrões de qualidade. Vamos cobrar a regularização imediata dos serviços de abastecimento de água e garantir que os direitos dos consumidores sejam respeitados” ressalta o governador Wanderlei Barbosa.
O governador destacou ainda que embora a fiscalização seja de responsabilidade municipal, o estado está comprometido em garantir a qualidade da água e a proteção dos consumidores.
Ação Civil Pública
A petição da PGE destaca que, desde o final de setembro de 2024, a água fornecida na capital tocantinense passou a apresentar características preocupantes, como mau cheiro e aparência turva, tornando-se imprópria para consumo e até mesmo para higiene pessoal. A situação gerou uma onda de reclamações por parte de moradores, que relataram problemas de saúde, incluindo vômitos e indisposição gastrointestinais.
Um relatório técnico de 2023 já havia alertado para a degradação da qualidade da água, apontando níveis elevados de fósforo no lago próximo à estação de tratamento de esgoto da cidade. Contudo, o agravamento do cenário nos últimos dias levou à intervenção do Procon e à abertura de uma investigação policial.
A Procuradoria questiona a posição da empresa, citando que os moradores continuam sofrendo com os efeitos da má qualidade da água, que inclui problemas de saúde. A ação judicial busca, entre outros pontos, a redução proporcional na cobrança das tarifas de água, conforme previsto no Código de Defesa do Consumidor, além de medidas para garantir a transparência nas informações sobre a qualidade da água distribuída.
A PGE ressalta que a BRK Ambiental falhou em cumprir suas obrigações contratuais e que o serviço prestado representa um risco à saúde pública. A ação agora segue para apreciação judicial, visando uma solução definitiva para o problema.
Desse modo, tratando-se de clara falha na qualidade da prestação do serviço, a PGE requer que a concessionária BRK Ambiental efetive o desconto de 25% da conta de água da população afetada, sob pena de multa no patamar de R$ 1 milhão.
Revisão de Tarifária
Em audiência pública realizada na Assembleia Legislativa do Tocantins (Aleto), no dia 23 de novembro de 2023, o governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, já havia proposto a realização de novos estudos de viabilidade econômica para a tarifação da conta de água dos tocantinenses que residem nos 46 municípios atendidos pela BRK Ambiental.
A revisão tarifária ocorre a cada quatro anos. A última foi realizada em 2021, quando a Agência Tocantinense de Regulação, Controle e Fiscalização (ATR) contratou a Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia (Fundace) para realizar os estudos de revisão. A Fundação é de apoio da USP/Ribeirão Preto, especializada em saneamento, com portfólio e capacidade técnica nas áreas de revisões tarifárias e de saneamento para várias agências reguladoras. A contratação foi referendada pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e pela Controladoria-Geral do Estado (CGE). Este último estudo foi realizado anteriormente à atual gestão do governador Wanderlei Barbosa.
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