O ex-ministro da Justiça Anderson Torres prestou depoimento à Polícia Federal na tarde desta segunda-feira (8), na sede da corporação em Brasília. Ele chegou ao local por volta das 14 horas e saiu por volta das 17. De acordo com fontes na corporação, Torres respondeu aos questionamentos, diferentemente da oitiva marcada em janeiro, quando ele decidiu ficar calado.
O depoimento dele foi marcado para que o ex-ministro preste informações sobre as operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que ocorreram nos estados do Nordeste no segundo turno das eleições do ano passado. O ex-ministro deixou o Batalhão de Aviação Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal (Bavop), onde está preso, e foi até o prédio da corporação para ser ouvido presencialmente.
A detenção dele ocorre por conta de outra investigação, que apura a participação dele nos atentados que ocorreram no dia 8 de janeiro, quando extremistas invadiram as sedes dos Três Poderes. Após o depoimento, Torres retornou ao batalhão onde está preso, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
No dia da votação do segundo turno das eleições, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente Jair Bolsonaro disputavam eleições, a PRF realizou diversas operações em estados. Ônibus, carros de passeio, motociclistas e outros tipos de veículos foram abordados, o que dificultou a chegada dos eleitores até às urnas. As ações se concentraram em estados do Nordeste, onde o PT tradicionalmente tem mais votos.
A PF quer saber se as abordagens tiveram como objetivo impedir que os eleitores votassem, reduzir as chances de vitória de Lula, interferindo no resultado do pleito. À época, Torres era ministro do governo de Jair Bolsonaro. Dias antes da votação, em outubro, ele foi pessoalmente até a Bahia e se encontrou com dirigentes da Polícia Federal no estado. Na justificativa oficial, o ex-ministro alegou que estaria atuando para coibir crimes eleitorais.
No entanto, investigadores suspeitam de que ele tentou persuadir a superintendência da PF no estado para atuar junto à Polícia Rodoviária Federal (PRF) para impedir a chegada de eleitores até as urnas no segundo turno das eleições.